Uma das maiores dificuldades que a maior parte das pessoas sente quando quer organizar a sua casa é saber por onde começar. Sentem-se desconfortáveis nas suas casas, sentem que a desorganização que se instalou não as reflete, sentem-se frustradas e ansiosas e, no entanto, muitas vezes ficam paralisadas sem saber sequer como começar. Ou então começam, mas sem ter claro qual o processo a seguir, rapidamente desistem, o que só faz aumentar a sensação de desconforto e frustração… Por isso, hoje trago aqui alguns dos pontos fundamentais a ter em conta para garantir que o processo de organização da casa é bem sucedido.
Falo daquilo que eu chamo de processo de organização de transformação, não da organização de manutenção, que será depois, obviamente, também chave para assegurar que o resultado se mantém no tempo.
Por onde começar para ter uma casa mais organizada?
1. O “Porquê” ou “Para quê”?
Devemos começar por entender qual é o nosso “porquê”, ou melhor, o nosso “para quê”.
Estamos a falar de um processo de transformação que nos vai exigir compromisso e dedicação. Saber qual é a intenção por detrás disso é fundamental. Recomendo sempre que se questionem qual é o verdadeiro objetivo, ou melhor, o benefício que pretendem alcançar. Parece muito óbvio e fácil, mas nem sempre é… No entanto, encontrar a resposta a esta pergunta é chave para garantir que teremos a motivação para seguir até ao fim.
O “para quê” vai ser diferente para cada pessoa. Vou dar alguns exemplos:
- “Quero organizar a minha casa para ter um ambiente leve e sereno para o qual voltar ao final do dia, para poder recarregar-me e sentir-me mais forte para lidar com os desafios do dia a dia”;
- “Quero organizar a minha casa para me sentir mais confiante quando convido amigos”;
- “Quero organizar a minha casa para que as coisas fluam melhor e possa passar mais tempo a brincar com os meus filhos”.
Cada pessoa encontrará uma resposta diferente.
2. Motivação e Compromisso
Depois de termos claro o nosso “para quê”, fica mais fácil garantirmos a nossa motivação, pois sabemos exatamente o que queremos alcançar. É, porém, fundamental garantirmos que assumimos o compromisso, ou seja, que nos comprometemos de facto com o processo e que lhe damos prioridade.
Sejamos honestos: provavelmente raramente nos vai apetecer organizar… Se ficamos à mercê da vontade, do apetecer, provavelmente nunca avançamos. É, por isso, importante que tratemos o processo de organização da nossa casa como qualquer outro projeto na nossa vida a que damos prioridade e importância: arranjamos tempo para ele, marcamos na nossa agenda e honramos esse compromisso.
3. Ter claro o caminho
Este é novamente um dos maiores desafios: às vezes até arranjamos a motivação para começar, mas depois rapidamente ficamos perdidas, sem saber como prosseguir.
Uma das questões que convém avaliar antes de começar é se sentimos que temos a capacidade de fazermos esta jornada sozinhas, ou se, pelo contrário, sentimos que necessitamos da ajuda de alguém que nos oriente no percurso, nos acompanhe no processo, garanta que mantemos a motivação e nos ajude a desbloquear nas múltiplas tomadas de decisão que teremos de fazer.
Qualquer pessoa tem em si a capacidade de organizar a sua casa sozinha, tal como tem a capacidade de treinar sozinha ou de implementar um regime de alimentação equilibrada sozinha. No entanto, termos ao nosso lado alguém especializado pode fazer toda a diferença.
Existe ainda muito a crença de que pedir ajuda é reconhecer um fracasso. Nada poderia estar mais errado! A organização é uma competência, e, como tal, aprende-se. Não nasce connosco. Mesmo quando parece que temos esse talento inato, ele provavelmente é o resultado de ensinamentos ou observações às quais fomos expostas desde cedo.
Assim, quando não temos claro o caminho, quando sentimos que ficamos à deriva, é importante ter ao lado alguém especializado a nos orientar. Para as pessoas mais autónomas, poderão pesquisar os vários métodos de organização e identificar aquele com que se sentem mais confortáveis. O importante é mesmo saber que etapas vamos seguir.
Por exemplo, um dos erros que muitas vezes se comete é começar a “organizar” sem antes fazer uma seleção, uma triagem de tudo o que temos, escolhendo o que realmente queremos manter, deixando ir o restante. Quando não selecionamos antes, não estamos a organizar, estamos simplesmente a arrumar.
A parte mais importante, que deverá ser sempre a primeira, de qualquer processo de organização, é a seleção e o descarte.